A classe operária volta ao paraíso – contribuições para o debate sobre a situação atual da classe trabalhadora

Questão de ordem

Quantos são os trabalhadores “chão de fábrica” no Brasil hoje? Qual a quantidade de trabalhadores da indústria em relação à população brasileira? Em qual faixa salarial a maioria desses trabalhadores se encaixam? Eis aí algumas perguntas que comumente rondam as especulações sobre o presente, passado e futuro da classe operária. Enquanto especulações, muitas vezes, pela ausência de dados sobre o assunto, aceita-se um conjunto de ideias que chamaremos aqui de “senso comum” sobre a condição dos operários brasileiros. Afirmações do tipo “a classe operária está acabando” ou “os operários são uma minoria” ou ainda “a classe operária é hoje classe média alta” são expressões desse senso comum do qual devemos sempre desconfiar.

De modo geral, esse conjunto de ideias parte da pressuposição de que houve um passado tipicamente operário, tempos caracterizados como o “auge do movimento operário”. Nessa época, os operários ganhavam baixos salários e eram maioria dentro do conjunto da classe trabalhadora. Mas mudanças no mundo do trabalho, principalmente a chamada reestruturação produtiva, alteraram essa situação. Por um lado, muitos trabalhadores foram substituídos por máquinas, o que levou a redução dos empregos na indústria, e aqueles que continuaram nessa atividade passaram a compor uma minoria em relação aos outros setores de atividade. Por outro lado, seja por estarem mais qualificados ou por conseguirem se organizar melhor, esses trabalhadores tornaram-se a fatia da classe trabalhadora com altos salários, podendo se encaixar no que comumente se chama de classe média.

É sobre essas ideias que colocaremos uma questão de ordem. Seguindo o conselho de Walter Benjamin, segundo o qual “o crítico precisa ter a atualidade bem agarrada pelos chifres”, recorreremos aos bancos de dados que tratam da quantidade de trabalhadores ativos no Brasil em diversos anos até hoje. Ao mesmo tempo, faremos algumas reflexões sobre as construções ideológicas que pairam sobre a classe operária, tentando identificar o significado desse senso comum. Por fim, no que toca diretamente a conjuntura da luta de classes, esperamos conseguir levantar armas para a batalha qualitativa, isto é, os trabalhos necessários de mobilização e organização da classe trabalhadora. Pois se a realidade imediata nos diz que a classe está mais embebida em fetiches consumistas e ambições individuais do que antes, é a leitura atenta dessa mesma realidade que insiste em colocar sobre a classe trabalhadora as condições objetivas para a superação da exploração do trabalho como forma determinante de produção da vida.

Crescimento absoluto e relativo

Diz-se comumente que o operariado brasileiro já foi quantitativamente maior, mas hoje diminuiu e essa diminuição é contínua. Será isso verdade? Para fazer os cálculos que respondem a essas e outras perguntas, utilizaremos duas fontes. Uma delas é o banco de dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais), que agrega informações desde 1985 sobre todos os trabalhadores com registro em carteira. A coleta de dados da RAIS, sob responsabilidade do Ministério do Trabalho e Emprego, é feita anualmente através de formulário obrigatório para todas as empresas. A outra fonte de dados é a PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) feita pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A PNAD começou sua coleta em 1967, e de lá pra cá passou por diversas alterações metodológicas, a última delas em 2002. As alterações metodológicas infelizmente inviabilizam a comparação de dados e muitas vezes interrompem séries históricas. A simples alteração de questionários ou de nomenclatura para classificação das ocupações são mudanças que causam essa quebra. Por conta da última alteração metodológica, a série histórica que utilizaremos dos dados da PNAD corresponde ao período de 2002 a 2009. Vale dizer que a PNAD, sendo uma pesquisa por amostra a domicílios, capta dados dos trabalhadores registrados e não registrados. Para complementar essa série, usaremos os dados do censo 2010 junto à série história de 2002 a 2009.

Vejamos, então, a evolução da população operária com carteira assinada segundo os dados da RAIS desde o início desse banco de dados até seu último registro, isto é, de 1985 a 2010:

Vejamos também a evolução do número de trabalhadores nesse mesmo período, só que agora desagregado pelos subsetores de atividade que compoem, segundo o IBGE, o Grande Setor da Indústria [1]:

Por fim, vejamos os números dos trabalhadores da indústria segundo a PNAD/Censo 2010:

Podemos observar nos gráficos 1 e 2 que o número de trabalhadores da indústria no Brasil, apesar de diminuir significativamente nos anos 1990, volta a crescer e supera o número do início da série a partir dos anos 2000. Observando o gráfico 1, vemos que há um salto de 4,8 milhões em 1998 para 8,5 milhões de trabalhadores na indústria em 2010, um crescimento de quase 100%. Comparando com o que poderíamos considerar o ano do “auge do movimento operário”, em 1989, hoje há 2 milhões de operários registrados a mais que naquela época. Já observando o gráfico 3, no qual estão contados os trabalhadores com e sem registro em carteira, nos deparamos com o salto de 11,2 milhões em 2002 para 17,2 milhões em 2010. Ou seja, o número de operários no Brasil, longe de diminuir, pelo contrário, cresceu significativamente, aliás, nunca a população operária foi tão grande no Brasil quanto é hoje.

Não obstante, podemos fazer duas perguntas sobre a qualidade desse crescimento. A primeira é questionar quais são as categorias que estamos considerando como operárias. Observando o gráfico 2, temos a evolução do número de trabalhadores por subsetor de atividade que compõe o grande setor da indústria segundo o IBGE. Pelos subsetores apresentados estamos considerando aqui as atividades estritamente industriais, isto é, apenas os chamados trabalhadores “chão de fábrica”, os quais estão envolvidos diretamente na fabricação dos bens duráveis e não duráveis produzidos no Brasil. Desse modo, não estamos incluindo os trabalhadores das atividades que podem ser consideradas tipicamente operárias, como os setores da construção civil, transporte e comunicação. Por exemplo, categorias como ferroviários, metroviários e correios estão fora desse cálculo. Fizemos isso, por um lado, para evitar questionamentos apressados sobre a qualidade dos dados apresentados. Por outro, por considerar que os trabalhadores da indústria moderna, sendo responsáveis pela produção de praticamente todos os bens duráveis e não duráveis da sociedade, estão numa posição importante para a organização da classe trabalhadora. Isso não quer dizer, como veremos adiante, que apenas os trabalhadores da indústria constituem o operariado. Mas, por ora, basta apenas considerarmos os setores estritamente industriais para vermos que o operariado aumentou numericamente.

A segunda pergunta que podemos fazer é se tal crescimento se dá também em termos relativos ao crescimento populacional. Ou seja, qual a relação entre o crescimento da população total do país e o crescimento do número de trabalhadores da indústria? Pois apesar do número de trabalhadores em atividade na indústria ter aumentado em termos absolutos, ele poderia ter diminuído em relação à população total. Para elaboração dessa comparação utilizamos o banco de dados da RAIS, e também os dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) sobre a população residente e a população economicamente ativa no Brasil. A série histórica sobre a população residente contempla o período que estamos analisando a partir da RAIS, 1985 a 2010. Já a série histórica mais recente sobre a população economicamente ativa no Brasil vai de 1992 a 2010. Por isso, a comparação com a população economicamente ativa fica restrita a esse período. Pois bem, eis nos dois gráficos a seguir a porcentagem dos trabalhadores registrados da indústria e da construção em relação à população residente e a população economicamente ativa (PEA):

Observando os gráficos 4 e 5 vemos que também há crescimento em termos relativos. Há um período, que vai de 1986 a 1989, cuja proporção dos trabalhadores da indústria é levemente maior que hoje, respectivamente, 4,76%, 4,64%, 4,57%, e 4,50%. Hoje esse número é de 4,46%, ou seja, uma diferença menor do que 0,5% em relação a 1986. Se pensarmos que a segunda metade da década de 1980 é identificada como os anos do “auge do operariado”, proporcionalmente estamos no mesmo patamar. Não obstante as ressalvas que fizemos anteriormente, vale considerar que somados os trabalhadores da indústria com os da construção civil estamos em patamar superior, chegando a porcentagem inédita de 5,78% da força de trabalho empregada nessas atividades, isto é, 0,3% a mais do que em 1986.

Já em relação à população economicamente ativa, mais de 9% está empregada na indústria, salto considerável, sabendo-se que em 1992 era de menos de 8%. Junto com os trabalhadores da construção civil somam aproximadamente 13% da população economicamente ativa.

Portanto, pelos dados apresentados, podemos afirmar que enquanto a década de 1990 é marcada pela diminuição do número de trabalhadores empregados na indústria, a primeira década dos anos 2000 é marcada pelo aumento tanto absoluto quanto relativo destes. Posto isto, é preciso reconhecer que, para quem viveu o amargo desemprego na década de 1990, não seria insensato pensar que tal diminuição do setor industrial fosse uma tendência.

Entretanto, nos dias de hoje nada justifica a defesa de tal ideia como algo dado, muito menos pode ser considerado como uma tendência.

Por fim, sabendo que paramos nosso cálculo em 2010, para maior atualidade dos dados, poderíamos considerar o saldo entre as contratações e demissões do fim da série apresentada até os dias de hoje. De janeiro de 2011 até maio de 2012 o saldo de contratações continua positivo no setor industrial e, segundo dados do CAGED [2], somaríamos pelo menos mais 300 mil novos trabalhadores aos números até agora apresentados.

Assim, o interessante nesse momento é reverter a pergunta a quem ainda defende que houve diminuição da classe operária. Ora, a quem interessa que a classe operária se perceba menor do que ela realmente é? Afinal, faz mais de uma década que essa parcela da classe trabalhadora está crescendo ininterruptamente, e talvez não fosse preciso tantos dados para uma conclusão tão evidente. Curiosamente vivemos em um momento ideológico em que afirmar uma ideia não envolve nenhum rigor em fazê-la corresponder com a realidade. Contra a falta de rigor vale a pena reafirmar: hoje no Brasil a classe operária é grande, aliás, maior do que nunca.

A classe operária dentro da classe trabalhadora

Vimos acima dados do setor da indústria, vale agora se perguntar: e os outros setores que empregam a classe trabalhadora? Já que os trabalhadores da indústria aumentaram, quantos trabalhadores aumentaram em outros setores? Foi mais ou menos do que os trabalhadores da indústria? Essas são questões importantes, já que a classe trabalhadora não é composta apenas pelos trabalhadores fabris, mas por todos aqueles que “por não ter meios de produção próprios, são reduzidos a vender a própria força de trabalho para sobreviver” [3]. Para essas perguntas vejamos a evolução do número de trabalhadores por grandes setores da economia a partir das fontes já apresentadas.

O primeiro aspecto que temos que destacar diante desses gráficos é o crescimento do total de trabalhadores no Brasil. Se em 1985 havia 20 milhões de trabalhadores registrados, hoje esse número é de mais de 44 milhões de trabalhadores. De forma recíproca, se em 2002 a pesquisa a domicílio registrava 79 milhões de trabalhadores, em 2010 esse número salta para mais de 92 milhões. Ou seja, há um crescimento expressivo do número total de trabalhadores em atividade. Em relação aos trabalhadores registrados o aumento é maior a partir do ano 1999, já nos dados da PNAD o aumento, no respectivo período, é maior a partir de 2003. Outro aspecto que salta aos olhos é o crescimento dos setores de serviços e comércio. Nos dados sobre os trabalhadores com registro em carteira parece ficar evidente que esses são os setores que mais cresceram nos últimos anos. Em 1985 o grande setor de serviços correspondia a 50,9% da força de trabalho empregada e o do comércio 12%, ambos representavam 63% da força de trabalho em atividade no ano. Já em 2010 esses setores correspondem a 71% da força de trabalho empregada, estando 52% nos serviços e 19% no comércio. Ou seja, aparentemente houve um aumento na proporção de trabalhadores empregados nesses setores. Nesse sentido, a grande capacidade empregatícia dos serviços e do comércio se confirma com os dados da PNAD. No gráfico 7 vemos que grande parte da força de trabalho está empregada nesses setores. Juntos a evolução é de 57% em 2002 para 61% da força de trabalho empregada em 2010. Um crescimento menor, mas não menos expressivo do que os dados da RAIS.

Outro aspecto importante a destacar é o aumento da formalização da força de trabalho no campo. Podemos ver esse movimento pela contradição da evolução do número de trabalhadores nos gráficos. Observando o gráfico 6 vemos que há um aumento do número de trabalhadores do campo, ao mesmo tempo que, observando o gráfico 7, o número diminui. Considerando que o gráfico 7 é composto pelos dados dos trabalhadores com e sem registro em carteira, e o gráfico 6 apenas pelos trabalhadores com carteira assinada, essa aparente contradição se explica por um duplo movimento. Ao mesmo tempo que há uma diminuição do número de trabalhadores rurais total através da industrialização da agricultura e o contínuo deslocamento da população rural para as cidades, há também um aumento da formalização dos trabalhadores do campo. Pois são justamente as atividades industriais que tradicionalmente registram mais os trabalhadores do que outras atividade como o comércio, por exemplo. É importante ressaltar que esse processo de formalização do trabalho no campo está acompanhado de mudanças fundamentais na forma de trabalho, cada vez menos agrícola e cada vez mais fabril.

Para continuarmos essa analise e melhor visualizarmos a evolução das proporções dos trabalhadores em atividade por grandes setores elaboramos os dois seguintes gráficos:

Esses gráficos são interessantes, pois mostram a evolução de cada setor específico em relação ao conjunto de todos os outros setores. Um dos primeiros aspectos que podemos observar a partir disso é que desde 1985, pelo menos, os trabalhadores da indústria não são maioria na comparação com outros setores. Apesar do setor da indústria ser maior que o setor do comércio e da construção civil, é o setor de serviços que emprega mais desde o início da série. Esse fato é importante pois contradiz a ideia comum de que os trabalhadores da indústria foram, nos tempos do “auge do movimento operário”, a maior parte da classe trabalhadora. Pelos dados de que dispomos, em nenhum período essa característica parece ter existido no Brasil.

Contudo, não é desprezível a diminuição da proporção dos trabalhadores fabris na evolução do emprego. Esse é justamente um segundo aspecto importante dos gráficos acima: uma possível diminuição da proporção do emprego na indústria. Observando a evolução das proporções dos trabalhadores registrados no gráfico 8, vemos uma diminuição de 30% em 1985 para 19% em 2010 do total da força de trabalho empregada nas atividades industriais. Por outro lado, pelos dados da PNAD, a proporção dos trabalhadores da indústria aumenta de 14% em 2002 para 18% em 2010, um aumento correspondente à diminuição dos trabalhadores do campo. Ora, o que pode significar essa contradição nos dados? Para resolver esse problema podemos levantar hipótese semelhante ao ocorrido com os trabalhadores do campo: como os dados da RAIS dizem respeito ao número de trabalhadores registrados, pode-se supor que parte dos trabalhadores do comércio e dos setores passam a ser contados nos bancos da RAIS devido a um aumento na formalização do trabalho e não a um aumento correspondente do efetivo dos trabalhadores empregados nesses setores. Essa hipótese ganha força se considerarmos que, como vimos, também há um aumento da formalização do trabalho nas atividades do campo. Ou seja, a aparente diminuição do número de trabalhadores da indústria em relação aos trabalhadores dos serviços e comércio, pode significar, na verdade, um aumento da formalização do trabalho no Brasil.

Assim, sabendo que o número de trabalhadores da indústria em nenhum momento foi maior do que o número dos trabalhadores dos serviços, e sabendo também que é questionável a ideia que esse número diminui proporcionalmente ao conjunto da classe trabalhadora, vale fazermos o mesmo movimento que fizemos anteriormente. Ora, a quem interessa que a classe operária se veja menor em relação a outros setores da classe trabalhadora? A quem interessa defender a falsa ideia de que a classe operária já foi grande e hoje é pequena em relação ao conjunto dos trabalhadores? Evidentemente, é de interesse dos donos das indústrias que os trabalhadores de suas fábricas se vejam menor do que são. Aliás, é de interesse deles que esses trabalhadores não se vejam sequer como operários. Pois o que pode ser um operário senão a expressão viva da exploração do trabalho? Certamente, para os industriais é mais apropriado a figura do consumidor, do cidadão e do atual “colaborador”. Entretanto, não são apenas os donos das indústrias que se encarregam de difundir essas ideias.

Justamente por essas ideias estarem presentes no senso comum, é a própria classe trabalhadora que carrega esse imaginário e faz dele sua “estranha realidade”. Por um lado, podemos encontrar respaldo na experiência histórica de classe para a criação de um passado glorioso e inalcançável. Se considerarmos que a classe trabalhadora passa por um ciclo ascendente de lutas operárias de 1979 a 1989, mas que esse ciclo se esfacela com a derrota de Lula para Collor, com a queda do muro de Berlim e o fim da URSS, desembocando no amargo desemprego dos anos 1990, encontramos muitos elementos que corroboram esse imaginário. Entretanto, não estamos nos anos 1990, e a pergunta que devemos fazer é o que significa a continuidade desse imaginário se vivemos nos últimos dez anos sob direção política do Partido dos Trabalhadores no governo federal, e tivemos uma recuperação do emprego e da indústria no mínimo a patamares anteriores? O fato de que o movimento feito pelo Partido dos Trabalhadores na presidência tenha sido de contenção das lutas, acompanhado de institucionalização das organizações, apesar de verdadeiro, por si só não explica a continuidade do imaginário saudoso “dos bons tempos do movimento operário”; mas é certo que corrobora para uma pacificação da classe operária, uma exigência do governo ao movimento sindical em troca de um harmonioso crescimento econômico e muitos cargos públicos. O que nos revela que a manutenção desse imaginário pode ser consequência de um pacto de conciliação de classes, cujo interesse pela manutenção da ordem passa pelo reconhecimento de um tempo de luta junto com a afirmação de uma relação (industriais e operários) pacificada.

Não obstante, certamente, a saudade é menos da quantidade de empregos que havia do que da qualidade da organização e possibilidades que se abriram na década de 1980. O que quer dizer, por outro lado, que 1989, suas organizações e possibilidades, ainda é o paradigma histórico que a classe trabalhadora precisa superar.

Por fim, tendo desvelado a falta de correspondência com a realidade de algumas ideias sobre a classe operária, seria importante nesse momento que nós mesmos nos questionássemos justamente sobre o que temos compreendido até aqui como classe operária. Aliás, a quem interessa que a classe operária esteja reduzida aos trabalhadores da indústria?

O novo operariado

Tentemos deixar de lado a classificação do IBGE sobre os grandes setores de atividade econômica e pensemos do ponto de vista das atividades envolvidas na produção de capital. Quantos trabalhadores hoje estão envolvidos na produção direta de capital? Quantos são hoje os chamados trabalhadores produtivos? Definimos, na esteira de Marx, trabalhadores produtivos todos aqueles que estão envolvidos diretamente no processo de produção de capital, isto é, os que são atores diretos no processo de valorização do valor. São todos aqueles trabalhadores que dentro de sua jornada estão submetidos à extração de mais-valia através da exploração do trabalho [4] – estando envolvidos em um processo de produção de mercadorias, produzem um valor maior do que eles mesmos valem dentro desse processo, cumprindo assim papel fundamental na produção de capital. Ou seja, são trabalhadores produtivos em relação ao capital, mesmo que realizem atividades muito pouco produtivas do ponto de vista humano.

Da mesma forma, definimos como não produtivos para o capital os trabalhadores que não produzem mais-valia, isto é, que não estão inseridos em atividades produtivas de capital, mesmo que exerçam atividades muito produtivas do ponto de vista humano. Assim, a partir dessa definição, estão excluídos do grupo dos produtivos, por exemplo, os trabalhadores assalariados do setor público, os trabalhadores do comércio, atacado e varejo, assim como os trabalhadores das instituições financeiras, os autônomos e profissionais liberais. Por outro lado, estão incluídos no grupo dos produtivos, além dos trabalhadores fabris, os trabalhadores da construção civil, os trabalhadores do ensino privado, os trabalhadores da saúde privada, os trabalhadores dos transportes de cargas e de pessoas, os trabalhadores dos correios e comunicações, da TV e Rádio, os trabalhadores da agroindústria e etc.

Desse ponto de vista, há um grupo bem maior de trabalhadores que cumprem o papel de produtivos que comumente vemos apenas nos trabalhadores da indústria. Afinal, para o capitalista, não importa o que se produz, importa o quanto se lucra com o que se produz, isto é, o quanto de mais-valia é possível extrair do trabalhador independente da atividade que ele exerça. Por conta disso, para além dos ramos mais evidentes na produção de capital, como construção civil e transportes, temos também que considerar novos ramos de trabalho que acabam de ingressar na esfera produtiva. As recentes mudanças na organização do trabalho, principalmente a terceirização, essa “nova forma de empregar”, reorganizou ramos inteiros de atividade que transforma uma série de “prestadores de serviços” nos mais recentes produtores de capital.

Um dos ramos que podemos utilizar como exemplo dessa mudança são os trabalhadores da limpeza. Esses trabalhadores a muito são identificados como do setor de serviços e, portanto, não produtivos. Entretanto, a partir do momento em que esses trabalhadores são contratados por uma “empresa de limpeza”, a qual é contratada por outras empresas, de forma terceirizada, para produzir limpeza nos edifícios, nas escolas, nas ruas e etc., esse ramo de atividade passa a ser produtivo para o capital. Pois agora esse trabalhador não está mais “prestando um serviço” e seu patrão não paga a ele um salário para ele limpar as instalações como antes. Agora que esse trabalhador faz parte da “empresa de limpeza X”, ele recebe um salário de um patrão que vende limpeza, e ele agora é um operário da limpeza, pois fabrica uma mercadoria, “coisas limpas”, que vale mais do que ele mesmo recebe. Apesar de não ser tão palpável quanto um automóvel, a nova atividade de produzir limpeza é uma atividade capitalista como as outras, tem dinâmica própria, empresas concorrentes, ações na bolsa e operários. Portanto, aquele trabalhador que antes prestava um serviço em troca de salário, hoje está inserido em um processo de valorização do valor e trabalha numa “fábrica de produção de limpeza”. Uma reportagem publicada na Folha de São Paulo no dia 7 de agosto de 2011, sob o título “Terceirização move Setor de Limpeza”, ilustra esse movimento que descrevemos:

“A terceirização do serviço de limpeza, segundo especialistas, é o que move o setor, que faturou R$ 15,2 bilhões no ano passado. Há facilidade na abertura de empresas nessa área, afirma Pedro Luiz Paulucci, sócio da Top Marketing Comercial. O investimento inicial é baixo e é possível abrir o empreendimento com endereço residencial, explica. (…) Paulo Gonçalves Peres, 40, sócio da inService, já acumulava experiência no mercado de limpeza quando abriu a empresa, há nove anos. “Demorou dois anos para o negócio ‘virar’ [dar retorno]”. No início, foram investidos cerca de R$ 60 mil. Hoje, a empresa tem 1.500 funcionários e faturamento anual de R$ 45 milhões.”

Ora, de onde vem esse rendimento senão da exploração do trabalho desses novos operários? Se pensarmos que essa mudança no mundo do trabalho, chamada de “terceirização”, acontece de forma massiva também com os trabalhadores de reparações, manutenções e instalações, e tantos outros ramos e atividades, o grande setor não produtivo dos serviços acabou por tornar-se um gigantesco setor produtivo de capital.

Assim, há milhões de trabalhadores que passaram a estar submetidos ao trabalho produtor de capital. Isto é, estão agora submetidos às “leis da produção de capital” como um trabalhador fabril: extensividade das jornadas, intensividade do trabalho, controle de produtividade e qualidade, metas, e etc. Ou seja, toda a série de medidas de controle da extração de mais-valia passam a valer em setores que tradicionalmente não estavam determinados por essa lógica, e um número maior de trabalhadores passa a ter seu trabalho explorado. Evidentemente, há setores que não são produtivos e que são impelidos a seguir a mesma lógica de produção. Exemplo disso é a recente aplicação de metas para os atendentes do INSS, e servidores públicos em geral. Do ponto de vista da produção do capital, os trabalhadores da Previdência Social não produzem mais-valia, contudo, são impelidos a seguir uma intensividade de trabalho semelhante à realizada pelos trabalhadores fabris. Vale lembrar que, como dissemos anteriormente, ser produtivo ou não produtivo não diz respeito à qualidade do trabalho realizado, mas sim à produção e acumulação de capital. Segue, então, o gráfico 10, que considera os subsetores 16, 17, 18, 19 e 20 como atividades não produtivas, e o restante dos subsetores como produtivos:

Observando o gráfico 10, vemos que pelo menos 50% da força de trabalho em atividade pode estar envolvida diretamente com a valorização do valor. Do ponto de vista do capital isso significa mais extração de mais-valia do que antes. Do nosso ponto de vista, o que essa perspectiva nos permite ver é o aumento do número de trabalhadores operários não só na indústria, mas em outros setores que antes eram somente assalariados e não produtivos. Isso significa que parte do conjunto da classe trabalhadora que não estava tradicionalmente ligado à valorização do valor passa a estar submetida às leis do capital e a compor o que poderíamos chamar de “grande setor produtivo”. Portanto, mais do que simplesmente crescer numericamente, a classe trabalhadora passou por uma mudança qualitativa: há novos operários sendo incorporados a todo vapor à produção de capital.

A “nova classe média”

Visto que as recentes mudanças na qualidade das relações de produção ampliam a massa explorada de trabalhadores, seguimos para o último pilar do senso comum que apresentamos: afirma-se comumente que os operários ganham altos salários e por isso compõem a classe média ou classe média alta. Antes de entrarmos no debate sobre a definição do que seria uma classe média e o que significa falar de uma classe média operária, vale a pena voltarmos à classificação do IBGE e verificarmos os dados da evolução salarial dos trabalhadores por faixa de remuneração e atividade. Os dados disponíveis sobre remuneração são do banco de dados da RAIS e dizem respeito, portanto, aos trabalhadores com registro em carteira. Para atualização dos valores dos salários nos respectivos anos para os dias de hoje utilizamos dados do IPEA.

O primeiro aspecto que podemos apontar no gráfico 11 é que de 1985 até 1998 os trabalhadores da indústria tinham a maior média salarial em relação aos outros setores. Contudo, a partir de 1998, o setor de serviços, puxado pelos trabalhadores da administração pública, passa a ter a maior média salarial. Isso significa que o imaginário comum que constrói um passado no qual os trabalhadores da indústria tinham piores salários é completamente falso. Ou melhor, está invertido. É no passado que os trabalhadores da indústria detinham a melhor média salarial da classe trabalhadora, não hoje. Contudo, é fato que os trabalhadores da indústria têm remuneração mais alta do que os trabalhadores da construção e do comércio.

Um segundo aspecto interessante de se notar no gráfico 11 é que a média dos salários dos trabalhadores da indústria em 2010 é próxima da de 1994. Ou seja, não há um crescimento contínuo da média salarial. Pelo contrário, vemos que entre 1994 a 2002 há um recuo na média dos salários que cai de R$2.043 para R$1.726 seguido de uma recuperação de 2002 até 2010. Respectivamente, um recuo do valor dos salários nos oito anos de governo de Fernando Henrique e um aumento dos salários nos oito anos de governo de Lula.

De modo geral, em relação ao imaginário comum, esses dados nos mostram que hoje, em primeiro, não é o trabalhador da indústria o melhor remunerado, mas sim os trabalhadores dos serviços, setor no qual se encontram os servidores públicos que historicamente são melhores remunerados do que o conjunto da classe trabalhadora em atividade. E, em segundo, não há um crescimento progressivo dos salários dos trabalhadores da indústria e de nenhum outro setor. O que vemos são avanços e recuos no valor pago aos trabalhadores a depender da conjuntura política e econômica do país.

Contudo, é importante lembrar que a média salarial é calculada pela soma de todos os salários dos trabalhadores de um setor, inclusive dos que assumem cargos de liderança e chefia, dividida pelo número de trabalhadores desse mesmo setor. Por isso esses dados têm um problema: se um setor emprega uma quantidade pequena de chefes, mas esses recebem muito acima do restante dos trabalhadores, a média dos salários vai esconder a maioria dos trabalhadores que ganham menos no setor. Assim, se considerarmos um cálculo por faixa salarial veríamos que grande parte dos trabalhadores recebem menos do que a média, pois os cargos de liderança por serem melhores remunerados jogam a média para cima. Por conta disso, elaboramos a tabela a seguir, que traz a porcentagem dos trabalhadores por faixa salarial e por setor de atividade.

Podemos verificar, pela tabela, o importante dado de que mais da metade dos trabalhadores da indústria em 2010, 57,66%, tem remuneração média de 0 a 2 salários mínimos, valores correspondentes a no máximo R$1.138 por mês. Se somarmos esses aos trabalhadores que ganham de 2 a 3 salários mínimos em 2010, isto é, no máximo R$1.708, temos 71% da classe operária nessa faixa salarial (de R$0 a R$1.708). Comparativamente, ao observar o ano de 1985 vemos que 60,21% dos trabalhadores da indústria tinham uma remuneração de até R$915; somando esses trabalhadores com os que estavam na faixa de salário de 2 a 3 salários mínimos em 1985, temos que 70% dos trabalhadores da indústria naquela época ganhavam no máximo R$1.373. Ora, se ocorreu algum grande aumento na remuneração real para a maioria dos trabalhadores da indústria nos últimos 25 anos, esse valor é de no máximo 335 reais para quem ganha o valor máximo que são 3 salários mínimos. Somente alguém com um senso de realidade desregulado poderia considerar que um aumento de 335 reais em 25 anos de trabalho seja algo relevante para colocar os trabalhadores fabris no patamar dos bem remunerados da sociedade brasileira. Do ponto de vista comparativo com a remuneração dos trabalhadores de outros setores da economia, podemos afirmar que assim como na construção civil, no comércio e no grande setor de serviços, a maior parte dos trabalhadores registrados da indústria ganha de 0 a 2 salários mínimos mensais. Lembrando que os valores aqui apresentados estão atualizados para o mês de maio de 2012.

Esses dados revelam uma das construções ideológicas mais perversas sobre os operários: de que são classe média. Por mais controverso que seja o termo e já venha carregado de ideologias, façamos o exercício de pensar a imagem comum da classe média. Isto é, uma família cujos filhos estão em escolas privadas, que possui assistência médica ampla, que tem casa própria e um carro na garagem. Seria possível com um rendimento de R$1.708 mensais, uma família pequena, de 3 pessoas (cônjuges e uma criança), ter esse padrão de vida? Evidentemente, os operários brasileiros estão muito longe desse “acesso”, e a imagem da classe média parece não corresponder à renda de 71% dos trabalhadores da indústria. Vale considerar que esses mesmos trabalhadores possuem rendimento abaixo do salário mínimo necessário calculado pelo DIEESE, no valor de R$2.383,28 atualmente. Talvez as moradias subnormais, favelas e aglomerados urbanos, tenham mais a nos dizer sobre como vivem os trabalhadores da indústria no Brasil do que se imagina.

Contudo, para botar à prova a ideia de que o operariado é classe média, não basta identificar a irrealidade de ser classe média do ponto de vista da renda. Temos, sobretudo, que investigar sua possível eficácia do ponto de vista dos hábitos, comportamentos e costumes. Afinal, como afirma Marx e Engels, o poder das construções ideológicas está justamente em conseguir representar algo realmente, sem representar algo real [5]. O que nos traz a pergunta: será que é possível que o operariado brasileiro se identifique como classe média, mesmo não tendo condições para realmente sê-lo? Por ocupar um lugar de extrema importância na produção da vida na sociedade capitalista e ser responsável direto pela manutenção dos lucros e das condições de reprodução da classe dominante, a identidade que se forma entre os trabalhadores da indústria é fundamental para a conjuntura da luta de classes. Nos últimos 30 anos vimos o “novo sindicalismo”, iniciado pelos metalúrgicos do ABC paulista, protagonizar a construção de uma identidade operária. Muitos dos principais personagens que construíram essa nova identidade estão hoje em cargos importantes do executivo, tendo como modelo padrão o ex-presidente Lula, ex-metalúrgico. Apesar de aparentemente ser uma identidade calcada no ganho salarial e em um forte corporativismo, seria preciso um estudo qualitativo de peso para apontar quais as características da identidade operária criada no ABC e em qual momento, afinal, ela se encontra. Não obstante, as políticas do governo Lula, e sua continuidade por Dilma Rousseff, apontam para uma descaracterização da identidade de trabalhador para a celebração do mote “somos todos classe média”. Fato que retrospectivamente pode ter algo a dizer, mas o que é possível verificar agora é uma política de desagregação da classe trabalhadora por parte do governo.

Como exemplo, recentemente, a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos do Governo Federal) estabeleceu, finalmente, a faixa de renda que corresponde hoje a da classe média brasileira. Depois de longa discussão, foi dito que fazem parte da classe média brasileira os trabalhadores que têm renda per capita familiar entre R$ 291 e R$ 1.019. Sem desconsiderar o bom humor do governo na falta de correspondência entre a faixa estabelecida e o que comumente chama-se de classe média, pensemos no caso do atual trabalhador da indústria. Pensemos que no melhor dos casos, estando ele entre os 71% dos trabalhadores desse grande setor produtivo, ele seja um privilegiado e receba mensalmente R$1.708. Se considerarmos que ele tem uma família composta por uma esposa e um filho e que com seu salário sustenta a todos, pois bem, nosso operário é o mais novo membro da classe média brasileira com renda per capita de 569,33 reais mensais. Não à toa a secretaria é de assuntos estratégicos, e parece muito oportuno definir que a maior parte da população economicamente ativa do Brasil compõe a “nova classe média”.

Ao fim e ao cabo a definição de classe média da SAE tenta colocar nessa categoria a maioria dos trabalhadores assalariados, substituindo oportunisticamente o que seria a linha da pobreza pelo conceito de classe média. Evidentemente, para quem quer governar sem perturbações, esta é a identidade ideal para a classe trabalhadora. Pois a classe média sabe que está melhor que outra parcela da sociedade, os mais pobres, e, justamente por isso, permanece submissa aos que lhe proporcionam essa posição, os mais ricos que lhes pagam os “bons salários”. Além disso, há um estímulo explícito do governo ao comportamento consumista e competitivo que alimenta valores individualistas típicos dessa camada média. Fatores que somados garantem a tranquila acumulação de capital e a harmonia nas relações de trabalho. Assim, estamos diante da ideologia que marca o período atual. Do ponto de vista salarial não podemos dizer que houve avanço suficiente para gerar um padrão de consumo que eleve os operários ao padrão classe média. Mas, sob direção do Partido dos Trabalhadores, a classe trabalhadora é tratada e reconhecida como classe média, criando terreno pouco favorável à identidade de classe que esse mesmo partido construiu. Troca-se o mote “trabalhador só vota em trabalhador” da origem do partido pela sua negação consentida “somos todos classe média”.

Questões de classe

Primeiramente, esperamos ter cumprido com o objetivo proposto de desconstruir ideias do senso comum sobre o operariado brasileiro. O imaginário que elabora um “passado operário” e um presente de outra ordem não se justifica tanto pela quantidade de trabalhadores ativos quanto pela qualidade das relações de produção. Nesse sentido, hoje a classe operária é numericamente maior e proporcionalmente semelhante àquela de trinta anos atrás. Ou seja, este imaginário, como toda ideologia presente no senso comum, apresenta a realidade invertida. Por sua vez, é uma eficiente ferramenta de dominação de classe cuja característica fundante está em esconder tanto as próprias classes quanto as relações de produção da vida.

Em consequência, a constatação de que quantitativamente a classe operária ainda está de pé nos serve também para colocar o debate nos seus devidos termos: é na qualidade das organizações de classe que se encontram as boas perguntas e as saídas para a luta contra a exploração do trabalho. Assim, não é trivial que seja sob a direção do Partido dos Trabalhadores que o operariado cresça substantivamente, e, ao mesmo tempo, esteja pacificado politicamente.

Nesse sentido, compreendemos que não basta apontar os limites das políticas públicas implementadas pelos governos Lula e Dilma, justamente porque há avanços importantes na diminuição da miséria e no aumento do acesso à educação, por exemplo. É preciso, antes de tudo, recompor quais são as bandeiras das lutas operárias. E assim voltar ao Partido dos Trabalhadores e entender qual identidade de classe, por ele protagonizada, permite que o fim da exploração do trabalho seja posto de lado. Ou melhor, qual é a identidade criada que permite que a intensificação da exploração do trabalho sob condições desumanas, como se viu nas greves das grandes obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) em Jirau e Pecém, seja comemorada como conquista da classe trabalhadora.

Por fim, cremos que entender que a realização do projeto do Partido dos Trabalhadores significa uma classe operária que não se enxerga como classe; que se apresenta dócil para as altas taxas de exploração a que é submetida; que está entregue às formas selvagens de extração de mais-valia típicas da periferia do capitalismo; e que comemora e chora junto com os sindicatos patronais o crescimento ou retração do Produto Interno Bruto, pode ser um bom ponto de chegada. Por outro lado, saber que a classe operária continua grande, ou melhor, ela está maior do que nunca; saber que as condições materiais que a colocam no centro da produção da vida na sociedade capitalista se mantêm; que ela permanece no ponto estratégico da luta contra a exploração do trabalho; e por fim, saber que uma nova identidade operária é necessária e possível, é o ponto de partida para as novas lutas.

[1] Para consulta sobre a relação entre os setores, subsetores e grandes setores com dados de 2010, ver Anexos.
[2] Tabelas do CAGED nos Anexos.
[3] MARX, K. ENGELS, F. Manifesto Comunista. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1998.

[4] MARX, Karl. Trabalho Produtivo e Trabalho Improdutivo. In: ANTUNES, RICARDO. A Dialética do Trabalho. São Paulo: Expressão Popular, 2004.

[5] KARL, M. ENGELS, F. A ideologia Alemã. São Paulo: Boitempo Editorial, 2007.

link para anexos e pdf: http://passapalavra.info/wp-content/uploads/2012/09/classe_operaria_daniel-1.pdf