Notas sobre o mensalão
O chamado mensalão tomou proporções maiores do que a própria direita esperava. A condenação por formação de quadrilha, por exemplo, é um disparate. Como diz Zé Dirceu “fui condenado por ser ministro”. Está desproporcional a cena brasileira: o Zé Dirceu e Genuíno condenados, por “domínio do fato”, que no fundo quer dizer, sem provas, e outros como o Maluf, procurado pela Interpol, tirando foto com o Lula.
A determinante da situação será a postura do PT sobre o mensalão. Duas possibilidades se desenham a partir das condenações. A primeira, é uma saída eleitoral. Para garantir o crescimento que vem tendo, num primeiro momento, o partido vai calar sobre o assunto, aliás, como vem fazendo. Num segundo momento, poderá assumir um discurso conservador, dizendo que limpou no seu governo o que estava sujo, e que pior são os tucanos que carregam a sujeira no bico! Para mimetizar o tom agitador de Lula.
A outra possibilidade, é o PT se posicionar contra o Estado, e mesmo que perca boa parte dos votos que lhe resta da classe média, se mobilizará para reformas mais radicais, como a famigerada reforma política, por exemplo. Tudo isso, para não deixar que a direita escreva a história do país como quer.
A que está em curso é a saída eleitoral. Em recente reunião foi adiada uma carta protesto contra a decisão do Supremo Tribunal Federal. De qualquer forma, a condenação de militantes históricos é o preço que a direita cobra por perder a direção da hegemonia burguesa. Não obstante, do ponto de vista da guerra que a política significa, o PT ainda está na vantagem. Entretanto, a maneira como irão reconstruir a história do Brasil, coloca para o partido questões sérias sobre o que sobrou de sua integridade ética, isto é, se vai as ruas ou venderá seus fundadores, por votos e cargos.